domingo, 16 de março de 2008

Sarau elétrico

SARAU TESOUROS DA JUVENTUDE



Nesta terça, no SARAU ELÉTRICO, JORGE FURTADO e LIZIANE
KUGLAND lançam a versão integral e sem cortes de
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS para crianças.
O livro sai em abril pela Objetiva.
E para ficar no clima, LUÍS AUGUSTO FISCHER, CLÁUDIO MORENO,
CLAUDIA TAJES e KATIA SUMAN trazem outros
TESOUROS DA JUVENTUDE para a noite do Ocidente.

canja especial – CHARLES MASTER

OCIDENTE – 21h – 10 pilas

Fonte: http://www.saraueletrico.com.br

segunda-feira, 3 de março de 2008

A LITERATURA VISTA DE LONGE, de Franco Moretti


FOLHA DE S.P. - 01 de março de 2008


RODAPÉ LITERÁRIO
Franco Moretti: de letras e números Estudos do crítico italiano apresentam resultados perturbadores para as visões correntes da história literária
FÁBIO DE SOUZA ANDRADE, COLUNISTA DA FOLHA
BEM MAIS que o irmão professor (em Stanford) do cineasta Nanni Moretti ("Caro Diário" e "O Crocodilo") ou respeitado especialista na história do romance europeu, o italiano Franco Moretti é um inovador, crítico que arriscou um método singular e contracorrente nos combalidos estudos literários contemporâneos, aproximando geografia cultural e análise estatística da tarefa de explicar os caminhos evolutivos da literatura. Os leitores brasileiros de seu "Atlas do Romance Europeu: 1800-1900" (Boitempo, 2003) reencontram no recém-lançado "A Literatura Vista de Longe" a mesma reserva contra o "close reading" de grandes livros e autores e a descrição das sutilezas dos estilos de época. Em meio a gráficos, mapas e árvores diagramáticas, esteios respectivos das três seções que organizam o volume, Moretti aposta numa ciência da literatura (com acento no primeiro dos termos) que descarte o afã de compreender singularidades para tentar explicar padrões gerais na sucessão das obras ao longo do tempo. Os resultados desse mundo literário considerado em sobrevôo são, no mínimo, perturbadores para as visões correntes da história literária, subitamente acometidas de vista curta. Se a mudança de paradigma pode soar herética, coisa de neopositivista extemporâneo, registre-se que o autor, de origem marxista e nada tolo, desloca a ênfase para a perplexidade que a consideração de dados quantitativos abre, sem perseguir a quimera de uma causalidade unívoca, feliz quando, ao termo, encontra "um problema do qual ignorava a solução". Valendo-se de modelos hipotéticos e metáforas explicativas tomados aos avanços recentes nos estudos sobre a evolução natural, Moretti aposta que, também na literatura, deve prevalecer o caráter cumulativo dos achados analíticos, vacina contra o risco de "tábula rasa" que, muitas vezes, assombra a crítica hermenêutica, tomada pelo rigor analítico do objeto fechado em si e recalcitrante na reinvenção da roda. Assim, debruçado sobre gráficos que tabulam o fenômeno da ascensão popular do romance, Moretti ilumina a eclosão e desaparecimento de uma série de subgêneros, fazendo do espetáculo de renovação das formas literárias infinitamente mais variado e intrigante. De modo análogo, a tensão entre cidade e campo, decisiva na sorte do romance, ganha nova agudeza e brilho na tradução icônica dos mapas. Por fim, as árvores evolutivas, transplantadas dos livros de biologia para o campo da crítica de cultura, cumprem sua função, estranha e provocativa. Todas servem ao argumento central de Moretti: a de que o formigueiro de forças internas numa obra só resulta em forma no cabo-de-guerra com outras tantas pressões externas, aparente truísmo, hoje, nem sempre levado em conta.

A LITERATURA VISTA DE LONGE Autor: Franco Moretti
Tradução: Anselmo Pessoa Neto
Editora: Arquipélago
Quanto: R$ 36 (184 págs.)
Avaliação: ótimo