quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Antônio Cícero no curso na próxima segunda, 13 agosto

foto Eucanaã Ferraz
Guardar

( Antônio Cícero)

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.

Em cofre não se guarda coisa alguma.

Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por

admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por

ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,

isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso, melhor se guarda o vôo de um pássaro

Do que de um pássaro sem vôos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,

por isso se declara e declama um poema:

Para guardá-lo:

Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:

Guarde o que quer que guarda um poema:

Por isso o lance do poema:

Por guardar-se o que se quer guardar.




Pois o cara do belíssimo poema acima - e de outros tantos maravilhosos - fará nossa aula inaugural na segunda, 13 agosto, 19h30min e nos dará oficina de poesia na terça.

Pra guardar-se o que se quer guardar...


2 comentários:

Martha disse...

Oi, Julia,
Obrigada pelo convite!
Estou relendo "Guardar" - tinha lido há muito tempo. Ótimo! Melhor do que ler poesia é sempre reler.
Acho que isso também é guardar.

Unknown disse...

Show de bola, né! Muito legal este poema. Beijão e hasta luego!